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O problema de romantizar o autismo

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  Você já ouviu dizer que autismo não é defeito, é só uma forma diferente de ser? Pois é, essa frase rende curtidas nas redes sociais, mas pode ser a maior mentira já contada a quem realmente sofre com isso. Nos últimos anos o termo neurodiversidade ganhou espaço como bandeira política e cultural. A ideia central é simples: cérebros diferentes não são defeituosos, apenas funcionam de outra maneira. O slogan parece bonito e até libertador, mas quando olhamos mais de perto ele esconde uma armadilha. Quem vive na pele as dores de um cérebro que não se adapta ao mundo sabe que não se trata apenas de diferença. Trata-se de deficiência. O autista que sofre em silêncio porque não consegue lidar com ruídos, interações sociais e imprevisibilidade não precisa ouvir que tem “apenas uma forma distinta de funcionar”. Precisa de suporte real. Pense em alguém que perdeu uma perna. Ninguém diz que andar se arrastando é apenas um jeito alternativo de andar que deve ser respeitado. Todos entendem qu...

Inteligência Artificial: será que ela merece esse nome?

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Inteligência é, em linhas gerais, a capacidade de compreender, aprender com experiências, raciocinar de forma lógica, adaptar-se a novas situações e tomar decisões conscientes. Envolve não apenas acumular informações, mas interpretar contextos, criar soluções originais e perceber nuances do mundo real. É uma habilidade complexa, profundamente ligada à experiência e à consciência, algo que até hoje nenhum sistema de inteligência artificial consegue replicar de fato. A expressão “inteligência artificial” virou moda, mas a realidade é bem menos glamourosa do que o marketing promete. Ela impressiona à primeira vista, mas tropeça em erros que qualquer pessoa comum percebe na hora. A começar pela memória: a IA não consegue sustentar uma conversa longa sem se perder. Esquece o que o próprio usuário disse alguns minutos atrás e, no dia seguinte, é como se nunca tivesse ouvido falar de você. Essa amnésia constante mata qualquer expectativa de continuidade real. Outro problema é a informação des...

7 passos pra ser um idiota: o segredo que o algoritmo não quer que você saiba

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Parabéns, usuário. Você clicou. O algoritmo agradece sua contribuição para a burrice global. Mas calma, isso não é culpa sua. Você só está seguindo o treinamento básico que todo mundo recebe ao nascer neste planeta conectado. E para garantir que você continue firme nesse caminho glorioso, aqui vai o Manual Oficial do Algoritmo™ para formar um idiota funcional e feliz. --- Passo 1 – Confie no título, ignore o conteúdo Se um título grita com CAPS LOCK ou promete mudar sua vida em minutos, é porque ele te ama. Não caia na armadilha de pensar. Pensar é para perdedores. Passo 2 – Leia rápido para se sentir informado Ler é como fast food: quanto mais rápido, melhor. Mastigar ideias dá indigestão. Passo 3 – Acredite que você está no controle Você acha que escolheu esse artigo? Adorável. Quem escolheu foi o algoritmo. Ele só te deixou acreditar que a ideia foi sua. Passo 4 – Confunda opinião com fato O segredo aqui é simples: se alguém fala com confiança e tem um microfone, está certo. Se te i...

Freakonomics: por que o mundo funciona do jeito errado?

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O que os dados revelam sobre nossas decisões mais irracionais Se você acha que o mundo é movido por lógica, justiça ou boas intenções, esse livro pode te surpreender — e mudar tudo que você pensa. Freakonomics revela, com dados reais, como decisões absurdas, políticas públicas falhas e incentivos tortos moldam a vida que a gente leva. Essa é a minha review de um dos livros mais desconfortavelmente inteligentes que já li. --- A verdade por trás da queda do crime O que você responderia se eu perguntasse: “Por que a criminalidade despencou nos EUA nos anos 90?” Polícia mais eficaz? Leis mais duras? Economia em alta? Talvez você se surpreenda. Freakonomics sugere uma causa inesperada — uma decisão tomada décadas antes, que mudou tudo. Menos crianças indesejadas nascidas em ambientes de alto risco = menos adultos propensos ao crime. É uma conclusão que ninguém gosta de ouvir — e exatamente por isso merece sua atenção. Nem sempre a solução óbvia é a verdadeira. E quase nunca a mais eficaz é ...

A Farsa da Inclusão Escolar de Autistas Severos

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Vivemos tempos em que a palavra inclusão virou um dogma inquestionável. Questionar seu formato atual é quase um crime. Mas chegou a hora de dizer o que muitos pensam e poucos têm coragem de afirmar: A inclusão escolar de autistas severos, como é feita hoje, é uma farsa política e institucional. E quem paga o preço são justamente as crianças autistas — usadas como símbolo de progresso e jogadas ao abandono real. O que cada grupo realmente pensa sobre a inclusão forçada 1. Professores 🎙️ O que dizem em público:  “Acolhemos todos os alunos com carinho, respeitando as diferenças. Inclusão é um direito!” O que dizem em off: “Eu estou esgotado. A criança grita, morde, foge da sala. Ninguém ajuda. Eu não consigo mais dar aula, só tento sobreviver até o fim da semana.” Professores são obrigados a lidar com alunos severamente afetados sem formação adequada, sem apoio técnico, sem um cuidador presente. Muitos relatam quadro de burnout, crises de ansiedade, depressão — tudo abafado para não ...

Agosto Lilás: a campanha que virou instrumento de vingança e estatística

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O Agosto Lilás é, em teoria, uma campanha nacional pelo fim da violência contra a mulher. Na prática, especialmente nas cidades do interior, virou um ritual simbólico, sem estrutura, sem critério — e por vezes, perverso. Falo como policial que vê os bastidores diariamente: nem tudo que se vende como proteção é justiça. Na verdade, em muitos casos, a campanha serve menos para salvar vítimas e mais para alimentar estatísticas políticas. --- O que a propaganda não mostra Sim, existem mulheres que sofrem caladas. Vivem anos sob agressões reais, suportando tudo por medo, pelos filhos ou por dependência financeira. Essas existem — e merecem todo o amparo do Estado. Mas quem trabalha diariamente na PM ou em delegacias sabe que essas mulheres são minoria entre as que registram ocorrência. A maioria segue o mesmo roteiro: Registra um boletim em um dia No outro, pede para retirar E o sistema já está em curso: viatura deslocada, prisão, cela, audiência, restrição judicial --- O uso distorcido da ...

Entre o sacrifício e a responsabilidade: a verdade que o servidor não pode ignorar

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Como servidor público de Minas Gerais, não estou satisfeito.   Meu salário foi congelado por anos. As promoções legais que me cabiam foram suspensas. O governo exige sacrifício — e ele recai com mais força sobre a base do funcionalismo, não sobre os altos cargos ou estruturas privilegiadas.   O governo Zema está longe de ser perfeito. Falta diálogo com quem está na ponta. Falta iniciativa mais firme no combate a privilégios. E falta, em muitos momentos, a sensibilidade para diferenciar desperdício de necessidade.   Mas é preciso ser justo:   Desde os anos 1990, nenhum governo estadual manteve o pagamento regular da dívida com a União. Minas assinou o refinanciamento em 1998 com uma dívida de R$ 14,6 bilhões e, com juros compostos e inadimplência sucessiva, chegou a mais de R$ 160 bilhões em 2024.  Enquanto isso, governos passados ampliaram gastos com pessoal, criaram penduricalhos e comprometeram a arrecadação com renúncias fiscais irrespon...